DEPRESSÃO E ATIVIDADE FÍSICA

Muito se fala, atualmente, sobre a Depressão. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é considerada a doenca do século XXI, atinge 121 milhões de pessoas no mundo e coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking da prevalência em países em desenvolvimento (OMS, 2017).

Depressão é um distúrbio ou transtorno mental, e muitas vezes, é acompanhado de baixa auto- estima, perda de interesse nas atividades de forma geral, pouca energia que pode desencadear dores sem causa definida. Pode afetar as relações afetivas, familiares, profissional ou escolar, o sono, as refeições e a saúde em geral. Acredita-se que pode ser causada por fatores genéticos, ambientais, emocionais e sociais. A Psicóloga Transpessoal Maria Inês Del Franco Paes alerta que “a depressão não pode ser confundida com tristeza, mas uma tristeza profunda e constante pode levar à depressão”.

Ainda segundo a OMS, a Depressão tem um prognóstico sombrio, podendo vir a ser em 2030, o mal mais prevalente no planeta, levando muitas pessoas a óbito, sem distinção de raça, gênero, faixa etária ou condição financeira. A Psicóloga Fernanda Libanore ressalta que “apesar dos preconceitos que ainda existem, as pessoas têm falado mais sobre a doença e muitas vezes banalizam os sintomas, generalizando-os. Ocorre também a aparição de sintomas como a ansiedade, que podem ter indícios de comorbidade de outras doenças associadas ao quadro. Talvez por isso, que, atualmente, a doença tenha seu foco ampliado, e cause a sensação de doença do século”.

A Psicóloga Rachel Fischetti esclarece que “a depressão é um problema de saúde pública, uma patologia considerada silenciosa e ainda é incompreendida inclusive por quem sofre do problema. Muitos consideram doença de rico (senso comum), outros pensam que se trata de frescura”. Sabemos atualmente que muitas doenças são desencadeadas por fundo emocional, decorrentes da depressão como a fibromialgia, cefaléias, câncer, estados febris, entre outras.

Sua definição, diagnóstico, causas e tratamentos são difíceis de serem obtidos por conta da diversidade e graduação (leves, moderados e graves) dos sintomas que carrega. A Psicanalista Regina Slepetys ressalta que “a depressão tem componentes pessoais, genéticos, hereditários e ambientais. Como causa, os sintomas mais comuns são os de tristeza e angústia profundas e prolongadas, irritabilidade, tensão, ansiedade, baixa autoestima e em casos mais graves, idéias suicidas”. Já a Psicóloga Transpessoal Maria Inês Del Franco Paes complementa ao afirmar que “além de ser causada por diversos fatores, o vazio interior é o maior gatilho. Muitas vezes a pessoa nunca teve consciência real do seu Verdadeiro EU. Num momento mais difícil da vida, não tendo onde se apoiar para reverter a tristeza e insegurança, não acredita no seu potencial e na sua força interior. Então esse vazio vai aumentando de volume, diminuindo o interesse, a vontade de viver, aparecendo a apatia, enfraquecendo o seu querer, que, consequentemente, modifica as mensagens cerebrais mudando até o funcionamento fisiológico do cérebro. Isso também pode, em alguns casos, levar ao suicídio”.

Existe ainda um desequilíbrio hormonal, que não se define como causa ou consequência. No transtorno depressivo falta o hormônio que promove a sensação de bem estar, do bom humor e do bom relacionamento. A falta de serotonina desencadeia a compulsão por comer doces e carboidratos. Há também a falta de outras substâncias, como o hormônio GH (responsável pelo crescimento tecidual, cartilaginoso e ósseo). Faltam adrenalina e noradrenalina, substâncias que aumentam a taxa do metabolismo, promovem a vasodilatação nos músculos e aumentam o gasto energético. Melhoram a memória, a concentração, regulam o intestino, baixam o colesterol, melhoram flexibilidade, postura, controlam pressão sanguínea e diminuem o risco de doenças crônicas como diabetes e hipertensão arterial.

A indicação do tratamento varia com a complexidade do caso. Para a Psicóloga Fernanda Libanore “o melhor tratamento é aquele que começa cedo. Quanto mais cedo a tomada de consciência do indivíduo, melhor o prognóstico de mudança do quadro.  É de suma importância que se tenha tratamento com profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras. A medicação, se faz importante no quadro depressivo, uma vez que o sistema neuro-hormonal encontra-se em desequilíbrio”.

O tratamento psicológico e medicamentoso é o que tem obtido melhores resultados no combate à doença. Sua duração depende da gravidade e do tempo que a doença se encontra instalada. São necessários pelo menos 6 meses de medicação e 2 anos de terapia. E certamente outros tratamentos coadjuvantes são extremamente necessários para o sucesso do tratamento. Um deles é de que o portador do transtorno depressivo faça regularmente uma atividade física, para manutenção de sua saúde física e mental. A atividade física deve se tornar um hábito levado por toda a vida. Regina Slepetys faz um importante lembrete: “podemos dizer que Depressão e Atividade Física são dois processos exatamente contrários. Enquanto a primeira é sinônima de uma pessoa com baixa energia vital e portadora de vários sintomas desagradáveis, a segunda é a oferta de um mundo diferente, de um contexto positivo, de recuperação dos níveis normais de hormônios produzidos pelo organismo, de uma mudança para um modo salutar de viver com possibilidade de socialização com pessoas animadas, novas amizades, sensações físicas de bem estar, de alterar as perspectivas em relação aos problemas da vida, ficar em forma, melhorar a autoestima, reduzir a tensão, regular as emoções e aliviar dores crônicas trazendo benefícios físicos, psicológicos e sociais”.

Rachel Fischetti salienta que “a grande maioria desses medicamentos não causam dependência, porém demoram algumas semanas para perceber a melhora (por volta de duas a quatro semanas para começar a fazer efeito). Quanto às desvantagens, ocorrem alguns efeitos colaterais. Mesmo assim a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Em alguns casos, além dos antidepressivos, também são prescritas outras classes de medicamentos: os ansiolíticos e os antipsicóticos”.

Em associação aos medicamentos e psicoterapia, todas as psicólogas entrevistadas recomendam a atividade física como tratamento não farmacológico. A atividade física possibilita a liberação de neurotransmissores do “prazer” que auxiliam no bem estar do indivíduo. É importante que cada pessoa encontre a atividade que mais lhe agrada, porém também podemos sugerir atividades aeróbias como dança, corrida e caminhada que trazem mais adrenalina, serotonina e endorfinas à corrente sanguínea do praticante. A liberação desses hormônios traz mais prazer e interesse pela vida. Por outro lado, atividades mais calmas como ioga e meditação promovem uma associação entre físico x respiração x conhecimento de si mesmo, aumentando o desenvolvimento de sensações.

Nós somos o resultado do que pensamos, de como vibramos no mundo e o que fazemos conosco, por isso se torna muito importante o trabalho conjunto de profissionais da Educação Física, Psicólogo e Psiquiatra. De uma forma mais ampla também podemos acrescentar outros profissionais nesse conjunto como um Nutricionista e Coach, por exemplo. Uma pessoa que consegue chegar no corpo ideal, tem sua autoestima aumentada, é mais confiante, direciona seus pensamentos ao que é positivo e é mais feliz. Os esquemas mentais, crenças, regras para se relacionar com o mundo e consigo mesmo, padrões de pensamentos que influenciam toda uma vida e pelos quais se procura manter um nível de satisfação e evitar frustrações, devem ser avaliados e questionados com a ajuda da Terapia. É necessária uma mudança das bases do pensamento com a retirada dos pensamentos negativos e consolidação dos positivos. Uma verdadeira mudança mental.

Finalizando, o treino físico ensina e exige uma mentalidade de guerreiro, valores próprios para superar situações adversas e frustrações, um comprometimento com a própria saúde, com a busca de objetivos realistas a serem alcançados, que exigem disciplina e concentração. Uma verdadeira mudança de hábitos!

 

 

– FERNANDA LIBANORE: Psicóloga pela FMU; Neuropsicóloga pela CPISC-HCFMUSP. CRP:06/129585; email: fernanda.libanore@gmail.com ; www.facebook.com/psicologafernandalibanore/

– MARIA INÊS DEL FRANCO PAES: Psicóloga Transpessoal com adolescentes e adultos desde 1995. CRP:06/27322-0

– RACHEL FISCHETTI: Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica Hospitalar com ênfase em Cardiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. CRP:06/103571. Site: http://www.rachelfischetti.com.br

– REGINA SLEPETYS: Especialização em Psicanálise – USP e frequentadora assídua da academia! CRP:06/12808-02